Esta reflexão é sequencia da “manchete”
que abordei ontem sobre comportamento de alguns alunos em sala de aula. Não estou me
referindo àquele comportamento no qual as pessoas ficam sentadinhas, quietinhas,
olhando apenas a nuca do colega da frente. Quem me conhece ou já assistiu alguma
das minhas aulas sabe que eu procuro dar a elas um formato diferente deste, sempre com sentido para a vida. Tenho procurado
despertar o diálogo e realmente conseguimos juntos, eu e os alunos, construir
um clima de conversa e troca de verdade. Ainda que muitas vezes eu solicite
atenção e silencio, sempre o faço para que um dado conteúdo seja mais bem assimilado
por todos. Nada mais do isto!
Sou enfático ao afirmar em sala de aula que boa
parte da vida é comunicação. Tenho afirmado que as pessoas que querem liderar e gerenciar precisam
(e devem) desenvolver a competência da comunicação. As pessoas precisam falar mais. E
falar não se aprende por telepatia, instalando um chip no cérebro, navegando na
internet ou nas redes sociais: Falar se aprende lendo mas fundamentalmente, falar
se aprende falando! Por mais que muitas pessoas ainda não tenham compreendido.
O comportamento a que me refiro é
a apatia. O comportamento a que quero me referir é muito mais do que não participação
na sala de aula; É o negar-se a participar de uma determinada atividade simples. Não estou me referindo àquelas atividades cansativas feitas ao ar livre, sob a
chuva ou sol. Estou me referindo a uma simples leitura de um texto simples aonde
cada aluno vai lendo um paragrafo e juntos conversamos sobre ele, paragrafo por
paragrafo. Uma atividade absolutamente normal, aplicada por 99% dos
professores, com toda certeza.
O que aconteceu nesta ultima semana,
repetiu-se por três ocasiões, em turmas diferentes. Uma atividade nova para
todas pois em nenhuma delas eu havia aplicado a sistemática da leitura coletiva
neste semestre.A atividade se desenvolvia bem e
cada aluno lendo um pedacinho do texto. Eu propunha uma pausa, despertava a reflexão e explicava o
sentido, destacava o conteúdo, detalhando as palavras apontadas como novas. E com
isso todos estvam aprendendo juntos. Num dado instante, o texto que está circulando
de mão em mão, chega num aluno que simplesmente nega-se a ler.
- Porque você não vai ler? Pergunto eu preocupado.
- Algum problema? Insisto na tentativa de poder ajuda-lo caso ele tenha
alguma necessidade.
- Por que não. É a resposta. Simples, seca e objetiva.
Fico pensando um pouco sobre o que fazer e ouço em seguida:
- Não vou ler porque não quero ler! É a resposta mais elaborada que
é verbalizada na sequencia. Só me resta então pedir ao próximo aluno continuar a
leitura...
Naquele momento é como se o clima
que fora construído para refletir sobre um determinado assunto, desenvolvendo o aprendizado
coletivo tenha sido interrompido. Num silencio que dura poucos
segundos, os demais alunos trocam olhares como se estivessem em prejuízo por
terem de ler em voz alta enquanto um outro aluno (tido e havido como mais corajoso) não quer ler (e
não lê mesmo).
Ao passar a leitura para o aluno seguinte, a “pegada” já não é mais a mesma.
Ao passar a leitura para o aluno seguinte, a “pegada” já não é mais a mesma.
Numa determinada ótica (miope), ocorreu uma disputa: Um aluno venceu, o professor perdeu. Algo que beira o absurdo! Afinal estamos num
ambiente aonde não há disputas, aonde não pode haver perdedores, aonde não se
admite haver vencedores. Estamos em sala de aula e somos todos aprendizes, ora!
Será que estes três incidentes merecem atenção? Eu acho que sim... Merecem atenção pois eu ouso acreditar (empiricamente) que este comportamento ocorre também no mundo corporativo. Talvez com mais frequencia do que se imagina.
Mas no mundo corporativo, existe competição, existe ganhador e existe perdedor. E é preciso lembrar que existe a demissão para quem não demonstra as suas competências. #prontofalei
E vamu qui vamu!
Um comentário:
Acredito que estas situações partem de pessoas que querem mostrar que tem personalidade, mas a consequencia é contraditoria. E sim, esta cada vez mais comum nas empresas, por exemplo: A empresa contrata um funcionário para trabalhar, e em certos momentos do dia a pessoa se recusa a fazer certas atividades... Oras, ele esta sendo remunerado para isto ! Na sala de aula, estas atitutes de participar mais da aula, deveriam partir dos proprios alunos. Ele esta ali para isto, ADQUIRIR E COMPARTILHAR conhecimento.~Se não estava afim, por que foi pra aula?
Se não quer trabalhar, por que vai pedir emprego ?
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