quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Barreiras que dificultam a aprendizagem nas empresas


O gestor de educação corporativa e relacionamento Ubirajara Neiva divulgou o primeiro texto de 2012 no blog da educação corporativa, onde fala sobre as barreiras que dificultam a aprendizagem nas empresas, sejam elas de natureza organizacional ou ligadas a problemas individuais de cognição. Além de explorar um pouco a origem desses problemas, traz algumas alternativas para lidar com eles. Leia mais acesse http://educacaonaempresa.blogspot.com/

Quando falo em educação aqui, não me refiro unicamente ao processo de aquisição ou compartilhamento de conhecimentos. Há um valor inerente à própria palavra, tão grande e relevante quanto a dinâmica social que o processo de aprender permite a qualquer indivíduo. Certa vez, eu li que é aprendendo que reformulamos nossa maneira de atuar no mundo e sobre ele. E quando trazemos essa lógica para a vida numa empresa, não há como negar que cada momento é uma oportunidade de aprendizado e transformação.

Mas assim como na vida acadêmica, as ações de educação numa empresa estão sujeitas a barreiras que dificultam a aprendizagem. E elas podem ser de fácil percepção e solução ou, em alguns casos, muito mais complexas e difíceis de diagnosticar. É fundamental que a empresa, além de um planejamento de ações em educação, tenha também uma preocupação com a forma com a qual as pessoas respondem às ações educacionais.

É fácil determinar, por meio de pesquisas ou avaliações, que uma determinada pessoa não conseguiu certificação em um treinamento, por exemplo. Mas, antes de aplicar esse treinamento ou avaliação, houve uma preocupação em conhecer melhor esse colaborador? Já escrevi aqui sobre como as pessoas aprendem melhor, abordando os estilos de aprendizagem mais comuns e possíveis ações para facilitar o aprendizado. Mas alguém já se perguntou ou se pergunta com freqüência na sua empresa sobre as razões do não aprendizado?

Barreiras de natureza organizacional

Valores e crenças exercem um impacto muito grande na gestão do conhecimento em uma empresa. Isto porque influenciam na forma como as pessoas encaram os eventos internos e externos, como isso reverbera no pensamento de cada um e, finalmente, em como isso se transforma em ação. Assim, se há o reforço constante de uma cultura organizacional baseada em valores e crenças destoantes da prática ou das necessidades do próprio negócio e dos colaboradores, haverá dificuldades de aprendizagem em todos os ciclos de qualquer projeto educacional.

Se os colaboradores não pactuam, não consideram legítima a cultura ou não se reconhecem nos valores e crenças da organização, dificilmente irão aderir a qualquer estratégia educacional ou, se o fizerem, não estarão comprometidos com a efetiva sedimentação do conhecimento ou sua reprodução continuada. Irão, provavelmente, cumprir automaticamente mais uma obrigação que lhes é imposta.

Além da questão cultural, há outras barreiras de natureza organizacional, mais ligadas à habilidade em promover a educação. Se a ação educacional está atrelada a uma pressão por desempenho e isso não é bem trabalhado, os colaboradores tenderão a resolver problemas da mesma maneira que já o fazem, sem abrir novos caminhos para outras abordagens, muitas vezes necessárias. Isso também acontece quando se exige um resultado sem oferecer ao colaborador uma estrutura de aprendizado adequada, que contemple, inclusive, a possibilidade de tentar e eventualmente errar.

Outra barreira é a falta de alavancas de disseminação do conhecimento produzido. Muitas vezes cria-se, na empresa, uma excelente experiência com uma área específica, mas os resultados e o próprio processo, por vezes inovador, não são compartilhados com as outras áreas. Semelhante a isso, muitas vezes essa experiência acontece uma vez, mas por excesso de prioridades, acaba-se por abandonar o “novo modelo” de execução que foi desenvolvido ou treinado.

Uma última, porém não menos importante barreira que quero citar aqui, é a habilidade em transmitir conhecimento. Muitos gestores ou instrutores detêm muito conhecimento e são reconhecidamente falas autorizadas no assunto, mas quando são convidados a compartilhar, não conseguem fazê-lo com êxito. As razões podem ser muitas e podem estar também atreladas a uma competência que precise ser melhor trabalhada. Questões como tempo de preparação, paciência, alguma vocação, facilidade de comunicação e flexibilidade para saber ouvir são fundamentais.

Dificuldades individuais de aprendizagem

Falar em dificuldade de aprendizagem, também não reduz o tema apenas ao corriqueiro, de se levar em conta que o colaborador tem muitas responsabilidades, fatores externos como família e contas para pagar, metas a cumprir no trabalho ou algo dessa natureza. O que quero levantar aqui é que, assim como uma criança ou adolescente na vida escolar, o adulto na empresa também pode enfrentar barreiras que vão muito além dessas já levantadas. Situações recorrentes de resultados insatisfatórios por parte de um ou mais colaboradores podem apontar para alguns problemas:

Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura e interfere na fluência, já que causa a troca ou omissão de letras, inversão de sílabas, lentidão e outras falhas.

Disgrafia: geralmente é associada à dislexia, porque se a pessoa tem dificuldades na leitura, acaba levando essa dificuldade para a escrita. É caracterizada letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.

Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números. O portador geralmente não identifica os sinais das quatro operações e não sabe usá-los, não entende enunciados de problemas, não consegue quantificar ou fazer comparações, não entende seqüências lógicas.

Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala. A pessoa apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.

Essas são apenas algumas doenças ou dificuldades de aprendizagem que podem acometer uma pessoa e, nas ações educacionais na empresa, comprometer seu rendimento ou resposta. Há inúmeras outros dificultadores cognitivos, que podem ser diagnosticados e melhor entendidos com a ajuda da psicopedagogia, por exemplo. Obviamente que não se pode exigir, dos profissionais que trabalham com a educação corporativa, essa habilidade para diagnosticar os problemas listados. Até mesmo porque, muitos desses problemas são difíceis de perceber na rotina tão exigente do trabalho.

Mas é fundamental entender que, em casos recorrentes, a ação desses profissionais, sejam eles psicólogos de formação, pedagogos, administradores e outros, será determinante para se tratar da melhor forma cada dificuldade, sem nivelar um colaborador com grupos que não enfrentam problemas de mesma natureza. É preciso ter atenção aos sinais e, percebendo diferenças de resposta por parte de um colaborador ou muitas dificuldades deste em questões consideradas básicas para os outros, é importante buscar ajuda especializada para tratar cada caso de forma profissional e com respeito.

Fato é que educar é um processo contínuo, que possibilita novas formas de pensar e agir. É transformar e incluir pessoas. Não se pode rotular simplesmente. A ação educacional na empresa, assim como em qualquer instância da vida, deve valorizar a pessoa, dando oportunidades e instrumentos para aumentar suas potencialidades.

E você? O que pensa sobre isso? Que experiências você pode compartilhar conosco?

Fique a vontade e deixe abaixo o seu comentário!

Até o próximo!

Ubirajara Neiva

Gestor de Educação Corporativa e Relacionamento

www.e-lead.com.br

www.twitter.com/e_lead

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