quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Andragogia: Alguns pontos importantes.


Tive contato com o termo ANDRAGOGIA a partir do grande professor e mestre Dante Quadros, na sua primeira aula da pós graduação, na FAE. A partir das muitas reflexões críticas sobre o processo de ensino e após avaliar as ferramentas e resultados obtidos em sala de sala de aula, passei a compreender um pouco melhor o significado do termo e lanço mão deste espaço para compartilhar algumas informações básicas, importantes sob a minha ótica.

Poucos conhecem o que vem a ser a Andragogia cuja definição não é encontrada na maioria dos dicionários. Por mais de cinco décadas, tem sido realizado esforços para formular uma teoria que considere aquilo que já sabemos, por experiência própria e pesquisa, a respeito das características únicas do aprendiz adulto. Na Educação é imprescindível considerar as especificidades do aprendiz adulto fazendo o uso do sistema andragógico de ensino e aprendizagem. Mas, afinal do que estamos falando?

É surprendente que apenas em 1950 alguns educadores começaram a organizar idéias em torno da noção de que adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, flexiveis e não ameaçadores. Dez anos depois, já então nos anos 60, um Yugoslavo, educador de adultos, participando de um seminário de verão na Boston University, expôs o termo “andragogia”, como um conceito mais organizado a respeito da educação de adultos. Andragogia foi apresentada como a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender e era ostencivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças.

O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o final do século passado (1990) e foi a base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.

Por sua vez, o modelo andragógico é baseado em vários pressupostos que são diferentes daqueles do modelo pedagógico. São eles:

1 - A Necessidade de Saber: Os adultos têm necessidade de saber porque eles precisam aprender algo, antes de se disporem a aprender. Quando os adultos comprometemse a aprender algo por conta própria, eles investem considerável energia investigando os beneficios que ganharão pela aprendizagem e as consequencias negativas de não aprendê-lo;

2 - Auto-Conceito do Aprendiz: Os adultos tendem ao auto-conceito de serem responsáveis por suas decisões, por suas proprias vidas. Uma vez que assumem esse conceito de si próprio eles desenvolvem uma profunda necessidade psicologica de serem vistos e tratados pelos outros como sendo capazes de auto-direcionar-se, de escolher seu próprio caminho. Eles se ressentem e resistem a situações nas quais sentem que outros estão impondo seus desejos a eles;

3 - O Papel das Experiências dos Aprendizes: Os adultos se envolvem em uma atividade educacional com grande número de experiencias mas diferentes em qualidade daquelas da juventude. Por ter vivido mais tempo, ele acumula mais experiência do que na juventude. Mas também acumulou diferentes tipos de experiências. Essa diferença em quantidade e qualidade da experiencia tem várias conseqüências na educação do adulto;

4 - Prontos para Aprender: Adultos estão prontos para aprender aquelas coisas que precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações da vida real;

5 - Orientação para Aprendizagem: Em contraste com a orientação centrada no conteúdo própria da aprendizagem das crianças e jovens (pelo menos na escola), os adultos são centrados na vida, nos problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem;

6 - Motivação: Enquanto os adultos atendem alguns motivadores externos (melhor emprego, promoção, maior salário, etc.), o motivador mais potente são pressões internas (o desejo de crescente satisfação no trabalho, auto estima, qualidade de vida, etc.). Pesquisas de comportamento mostram que todos adultos normais são motivados a continuar crescendo e se desenvolvendo.

Ao tratar de educação de adultos, é adequado supor que o uso da andragogia significa trazer para a sala de aula, o cotidiano e as atividades essencialmente práticas. Ou seja: Fazer com que aqueles saberes passem a ter sentido num contexto real e efetivamente aplicável.


Apreciarei receber a sua contribuição e a sua opinião sobre o assunto. Obrigado pela sua atenção e por participar ativamente destas nossas reflexões. Sucesso!


PS - Se você quiser ler mais sobre Andragogia, recomendo o livro:
OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia, facilitando a aprendizagem. Educação do Trabalhador, v.3, CNI-SESI, 1999.

Um comentário:

Prof. Sedenilso Machado disse...

Belo texto Rudi. Parabéns.
Sede

Pesquisar este blog